Quando ainda no primeiro ano de faculdade, me fascinava a maneira como o cérebro da gente encarava as coisas externas. Aliás, tenho essa mania besta de me dissociar de meu cérebro, dando o mesmo tratamento a ele de todos os outros órgãos do corpo. Isso faz ser mais fácil observar como ele atua nas diversas situações.
Sempre concebi que o riso é um estímulo cerebral ao aprendizado. Em todo tipo de humor temos premissas lógicas, ambientações e contextualizações que levam o cérebro em um direção de projeções óbvias. Melhor pontuando, como se o universo de possibilidades fosse se abrindo em leques, paradigmas de cada degrau da piada, quase materializando o próximo passo do humorista. Quando o fim da 'piada' chega, aquilo que esperávamos como óbvio, não acontece, sim algo totalmente novo. Aí, ocorre o riso.
A intensidade e profundidade do riso, o que leva a gargalhar ou até a crise que surge do subconsciente, é questão do ambiental e da necessidade do cérebro em atender àquele aprendizado. Lógico que a coisa complica quando falamos de chiste e subconsciente. Mas, com farol aceso, nosso cérebro ri quanto mais aguda a tangente entre nossa imaginação e o resultado final do humor.
O contexto é sempre o vilão. Os conceitos pré-agendados em nosso cabidário ideológico sob temas que são associados que provocam vergonha ou repúdio, sempre arrancaram risos, mas daqueles que não conhecem ou não projetaram o final das 'piadas' até a exaustão. Esse é o assunto muitíssimo bem abordado no documentário da TV Câmara "O Riso dos Outros". Se você rir ou se não rir vai saber de que lado da piada estava.